sábado, 11 de junho de 2011

Navio negreiro

"Cruzando o tempo daqui se vê
Muito negreiro vendendo o que
Traz escondido em seu mal querer
Áfricos, tráficos, vida e ser
Varando as ondas escuto a dor
Feito um lamento: ai, meu Senhor!
Onde a razão trata do furor
Canta a vingança da clara dor
Por todo mar, liberdade
Há muito tom de verdade
Cada lugar do oceano
Faz onda como desejar
Todo escravo é desejo a fim
De espaço aberto de além de si
Vive na espera de ser feliz
Na volta à terra de seu país
Toda corrente é quimera só
De quem pretende guardar a nó
A força viva de um ser menor
À força, a vida de um ser melhor
Todo negreiro é navio mercê
De muitas ondas de outro querer
Quem prende alguém a qualquer dever
Torna-se escravo até sem saber
Quem é mais livre, corrente ou pé
Mordaça ou voz, sombra ou luz até
Eis o silêncio, a resposta é:
Livre é quem vive de fé em fé"

Gladir Cabral

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